sábado, 30 de agosto de 2008

Cortázar erótico:
(...) Essa vez, e só essa vez, excitado como um matador mítico para quem matar é devolver o touro ao mar e o mar ao céu, maltratou a Maga numa longa noite da qual pouco falaram mais tarde, fez dela Pasífae, dobrou-a e usou-a como a uma adolescente, conheceu-a e exigiu-lhe as servidões da mais triste puta, magnificou-a em constelção, teve-a entre os braços cheirando a sangue, fez com que bebesse o sêmen que corre pela boca como um desafio ao Logos, chupou-lhe a sombra do ventre e do sexo, erguendo-a depois até o seu rosto, para untá-la de si mesma, numa última operação de conhecimento que só o homem pode dar à mulher, exasperou-a com pele e pêlo e baba e queixumes, esvaziou-a até o máximo de sua magnífica força, lançou-a contra um travesseiro e um lençol e a sentiu chorar de felicidade contra o seu rosto que um novo cigarro devolvia à noite do quarto e do hotel.