sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Brasília, fevereiro de 2010.

Agora eu vejo. Agora eu entendo. Que tive de te perder para me ganhar, por mais clichê que isto soe.
Para falar a verdade, nunca pensei que fosse aprender tanto sobre mim mesma por meio de outra pessoa. Mas taí, aconteceu.
Você colocou um espelho na minha frente, o mais nítido de todos, e confesso que não gostei nem um pouco do que vi.
Assustada, me comportei "like a bull in a China shop". Por sorte não quebrei o espelho. Ainda bem. Mas, acho que foi nesse momento de estupefação que te "perdi".
Sim, estupefação. Não consigo achar palavra melhor para descrever a minha reação ao ver todas as coisas que precisava mudar em mim. Não para te agradar, mas para meu próprio bem.
Deparei-me com sentimentos confusos, frustrações, medos, ressentimentos, raivas, inseguranças. Tudo no plural. E tudo fruto de dores que há tempos carrego em silêncio. (É, eu carrego algumas. Poucas, mas graves. Nunca te falei delas, quem sabe um dia?)
Percebi, então, que não me tornaria a mulher doce que sempre quis ser, se não resolvesse essas "pendências". E resolver não é passar por cima. É colocar na mesa. É falar sobre. Verbalizar, como gostam os psicólogos.
Foi o que fiz. Coloquei meu lado fraco, inseguro, mal-amado e infantil no divã. Literalmente. Precisei de uma coragem que nem sabia se teria.
Ainda bem que tive, meu caro. Porque agora, águas mais calmas, posso tentar ser diferente, agir diferente, gostar diferente. Só lamento que você não esteja mais aqui, para me ajudar nisso também.
Enfim. Que você saiba: estou mais leve.
Espero que um dia a vida te traga de volta a essas paragens, e eu possa te mostrar o quanto você foi importante para o maior encontro da minha vida: o meu comigo mesma.


Saudades.