No domingo, fui passear na 31ª Feira do Livro de Brasília e aproveitei para prestigiar a sessão de autógrafos da última obra de José Carlos Vieira, cujo título é tão gostoso quanto um gole de vinho tinto sob a lua cheia: Poemas de paixões e coisas parecidas.
Antes dos autógrafos, Zé falou sobre seu processo criativo, autores que influenciam, músicas que inspiram etc. Leu alguns versos, tímido. E respondeu a perguntas do público (a maioria, dispensável; mas, enfim, todas educadamente respondidas).
José Carlos é meu amigo há muitos anos. Muitos mesmo. Só agora, escrevendo este post, me dei conta: nos conhecemos em 2003. Ou seja, há dez anos.
Nossa "história", se posso chamar assim, começou por correspondência: enviei para ele alguns poeminhas meus, comentei alguns dele. Então marcamos um vinho, num café de jornalistas que nem existe mais. Eu não sabia como ele era e vice-versa. Mas a gente se reconheceria. Os que têm a alma impregnada de poesia se reconhecem, sabem que são da mesma raça, exalam o mesmo perfume.
Pois bem. O encontro. Noite formidável! Falamos muito e basicamente de literatura. Como foi bom poder falar sobre o "velho sujo" sem ter de explicar quem ele é! Os poemas melancólicos, bêbados e lindos de Charles Bukowski foram lembrados e devidamente homenageados por nós, numa época em que duas, três taças não davam multa de trânsito.
Desde então, estamos sempre em contato, embora os encontros sejam raros. Trocamos impressões sobre a lua cheia, poemas, crônicas e, recentemente, até letra de música. Em 2010, o escolhi para escrever a apresentação do meu primeiro livro, Histórias mínimas. Texto belíssimo – no tom exato dos minicontos que compõem o meu debut –, pelo qual serei eternamente grata.
Hoje, porém, todas as atenções devem se voltar a este especial escritor "braziliense" (com "z", saca?!): por seu novo livro, por insistir na poesia e, sobretudo, por não perder a ternura jamás... Afinal, escreve: "enquanto o verbo | age | o adjetivo | sonha".
Eu te aplaudo de pé, Zé!