quinta-feira, 13 de março de 2008

Trecho de "O Complexo de Portnoy", de P. Roth:
Tenho dentro de mim ódios que eu nem sabia que existam! Isso faz parte do processo, doutor, ou é o que chamamos de "o material"? Eu só faço me queixar, essa repugnância parece um poço sem fundo, e estou começando a achar que talvez já seja o bastante. Toda essa minha choradeira ritualizada parece que é justamente o que faz com que os pacientes de análise sejam tão malvistos pelo público. Será que eu detestava mesmo a minha infância e tinha tanto ressentimento desses meus pobres pais quanto me parece agora, quando olho para trás e vejo o que era do ponto de vista do que sou – e não sou? Isso que estou dizendo hoje é a verdade ou apenas uma arenga? Ou será que para gente como eu a arenga é uma forma de verdade?