terça-feira, 16 de setembro de 2008

Trecho de "Um doce aroma de morte", de G. Arriaga:

Numa dessas noites, o Vermelho Papadimitru disse uma frase que ficou vivamente gravada na mente do Cigano. "Existem mulheres", explicou o marinheiro, "que são corpos e outras que são pessoas". Alguém lhe disse que tal distinção era pueril: de um modo ou de outro, toda mulher era ao mesmo tempo corpo e pessoa. Sob o poderoso efeito de uma garrafa de uísque, o Vermelho esclareceu: "É o seguinte, há mulheres com as quais você se deita e zás, acabou-se, passam como se nada fosse, você as esquece na manhã seguinte. Essas, eu chamo de mulheres-corpo. Mas há outras com quem você pode se deitar a vida inteira e nunca termina de fazer amor com elas. São caixinhas de surpresas a cada minuto da vida. Essas são as mulheres-pessoa. Aquelas, você descarta e xô, não quer saber mais delas. Mas as outras são as que ficam dentro de você, por mais que você queira tirá-las da cabeça."