sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Arte?!
Algo que me incomoda é a quantidade de coisas que podem ser cobertas pelo enoooorme guarda-chuva chamado "arte contemporânea". Qualquer coisa (um mictório, por exemplo) pode ser considerada arte se exibida em uma galeria e descrita com expressões do tipo: "estética única", "neo-conceitual", "desejo performático", "natureza espetacular", "territórios metafóricos", "alegoria do corpo", "experiência interativa" etc.
Visitei a exposição mega alardeada da japonesa Mariko Mori, Oneness, em cartaz no CCBB de Brasília. E, juro, senti vergonha alheia.
Para começar, um grupo de ETs de mãos dadas, em roda. Feios, bobos. O diferencial? A cada 15 minutos, os visitantes podem interagir com os bonecos: tira-se o sapato, ajoelha-se diante da "escultura", coloca-se a mão no peito dela. Ao sentir o calor humano, o coração da criatura começa a bater e uma luz é acesa, na mais óbvia imitação de um filme que todos conhecemos.
Aham, isso é arte. Eu é que sou ignorante.
Em outro espaço, um círculo em pedrinhas, como nove luminárias coloridas. Para uma boite descolada, seria uma decoração e tanto. Mas... arte?!
O mais hilário, no entanto, foi o esforço do guia em nos fazer entender a obra, seu valor estético e artístico. Eu e minha acompanhante nos fizemos de bobas, só para ver até onde ele iria. E ele foi loooonge. Sabe aquele discurso pseudo-intelectual que procura ser denso mas no fundo não diz nada?! Pois é.
No final das contas, ficamos sabendo que as tais luminárias coloridas dispostas em círculo são uma representação contemporânea e arrojada do sistema solar, dos seus nove planetas. E que também são uma versão moderninha do monumento megalítico de Stonehenge.
A exposição apresenta, ainda, um enorme painel fotográfico no qual a "artista" se insere, vestida de sereia – para saciar seu "desejo performático".
Por fim, os visitantes podem "apreciar" uma
nave espacial em forma de gota, de grandes proporções. A vontade que dá é entrar nela e ir embora deste planeta o quanto antes.