quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Obrigada por ter vindo. Eu sei, nós dois sabemos que não há nada que você possa fazer. Nada. Não há nada que eu possa dizer ou silenciar que vá mudar o rumo das coisas. Tudo já foi dito com o desespero que as palavras carregam quando temos a ilusão de que elas podem fazer algo por nós. As palavras não mudam nada. Não há nada, portanto, que eu possa dizer que o faça mudar de ideia, ou sentir de forma diferente. Porque o que você sente foi sendo cunhado no silêncio, naquela parte da alma onde a palavra parece sempre ociosa e desmedida. Por isso, como eu posso chegar agora e dizer algo que possa mudar o nosso destino?"

Lilia Gramacho, Fim, ponto

(Lilia é uma parente "perdida" que o Facebook me permitiu encontrar. Somos primas de terceiro ou quarto grau. Mas isto não importa; importam as coincidências: além do sobrenome, compartilhamos a profissão e o amor pela literatura. Ela escreve livros para crianças e adolescentes. O conto cujo trecho reproduzi acima, creio eu, é uma exceção em sua obra. E uma exceção deliciosa, escrita com profunda sensibilidade. Tanto é que o texto foi um dos selecionados no Prêmio Off Flip de Literatura, em 2010.)