quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"De repente, o boi explodiu. Rebentou sem um múúú. No capim em volta choveram pedaços e fatias, grãos e folhas de boi. A carne eram já borboletas vermelhas. Os ossos eram moedas espalhadas. Os chifres ficaram num qualquer ramo, balouçando a imitar a vida, no invisível do vento."

Mia Couto, O dia em que explodiu Mabata-bata

(Começo a ler este conto do escritor moçambicano e sou invadida por um sentimento de nostalgia: as minhas férias na fazenda, as brincadeiras com meus primos, o gado do meu avô, o curral, os tantos pastos percorridos a cavalo, os vaga-lumes iluminando a noite... Literatura boa faz isto: desperta um mundo interior e anterior; emociona!)