quinta-feira, 14 de maio de 2009

– Eu te amo, cara!
O grito, o desabafo. Segredo revelado.
Respiração sobressaltada, como quem acaba de levar susto.
– É isso mesmo que ouviu. Você em mim, lá no fundo. Dono do corpo e da alma. Rei.
O coração disparado, insiste:
– O seu gosto na minha boca. O seu cheiro nas minhas mãos. Você, pra lá e pra cá na minha cabeça. O que me mandar fazer, eu faço. Escrava. E se resolve me deixar, pulo daquela janela bem ali, ó. A última das baratas leprosas, estatelada no asfalto. Mortinha por amor. Para sempre a nódoa escura do meu sangue.
Tonta, lágrimas escapando dos olhinhos castanhos:
– Eu te amo, cara.
Ele sorri.

M. Gramacho, em (singela) homenagem ao genial Dalton Trevisan.