A besta e a "burra"
Ontem fui agredida no trânsito. Verbalmente, mas profundamente agredida.
Tentava tirar meu carro de uma vaga, mas havia um sujeito estacionado em fila dupla. Ele estava no volante, esperando por alguém. Olhei para ele, sorri e fiz um gesto com a mão, pedindo para ele dar uma afastadinha.
Ele fez que não viu.
Então, coloquei a cabeça para fora e falei: Oi, será que o senhor pode chegar um pouquinho para trás?
Para o homem, meu pedido foi a gota d'água para um copo que transbordou em impropérios e agressões verbais a minha pessoa. E, frise-se: ele estava errado, parado em fila dupla, "travando" o meu e outros carros.
Ele começou a dizer, ou melhor, a gritar que havia espaço de sobra para eu tirar meu carro. E passou a me chamar de burra, na maior altura. O cara ficou ensandecido. E olha que eu não estava desacompanhada. Meu irmão, que é um rapaz forte, estava no banco do carona. Mas ficamos tão surpresos com a reação do homem, que ficamos atônitos.
Uma senhora, que estava no carro estacionado ao lado do meu, se indignou, abriu a porta e começou a discutir com o homem: O senhor está errado, o que custa afastar o seu carro para a moça sair?!
Ele, então, passou a agredi-la também. Deu para perceber que, para ele, todas as mulheres são "burras", mesmo quando estão certas.
Comecei a manobrar o carro para tirá-lo da vaga, e quase encostei no Siena caindo aos pedaços dele. Pra quê?! O sujeito começou mais uma bateria de insultos: Passa por cima, sua burra!
Eu, já nervosíssima e com medo de meu irmão perder o controle, "suei" em manobras até conseguir espaço para tirar o carro da vaga. Quando saí, emparelhei: Burro é você, sem educação, motorista de merda, machista, grosso.
O cara me chamou de burra mais uma vez e por fim meu irmão soltou um alto e merecido "vai tomar no c..., seu filho da p...!".
Este sujeito jamais vai ler este texto, mas preciso desabafar mesmo assim.
Primeiro, se tem uma coisa que não sou é burra. Tenho curso superior, pós-graduação, sou fluente em inglês, viajei o mundo, tenho um bom cargo na Esplanada e, em um mês, vou lançar meu segundo livro.
Segundo, eu acredito que este tipo de homem é o que bate em mulher, sem precisar estar bêbado ou drogado para fazer isso. Para ele, somos seres inferiores, destinados ao tanque e ao fogão. E é incrível saber que um sujeito como este pertence à mesma espécie que Gandhi, por exemplo. A humanidade é mesmo heterogênea.
Terceiro, é verdade que agressões verbais podem ser quase tão graves quanto as físicas. Depois de um dia de trabalho e de uma hora (literalmente) na fila do banco, eu – que estava absolutamente dentro da lei, parada no lugar certo –, sou xingada e humilhada publicamente por um troglodita que estava parado em fila dupla.
Eu tenho a placa do carro e poderia levantar a ficha do sujeito. Poderia prestar queixa na Delegacia da Mulher. Mas não vou fazer isso porque sei que de nada adiantaria. Talvez ele tomasse um susto, mas ficaria por aí. Pessoas assim só mudam quando "encontram Jesus". Do contrário, continuam animais raivosos e ignóbeis. Bestas, no sentido estrito.
Tentava tirar meu carro de uma vaga, mas havia um sujeito estacionado em fila dupla. Ele estava no volante, esperando por alguém. Olhei para ele, sorri e fiz um gesto com a mão, pedindo para ele dar uma afastadinha.
Ele fez que não viu.
Então, coloquei a cabeça para fora e falei: Oi, será que o senhor pode chegar um pouquinho para trás?
Para o homem, meu pedido foi a gota d'água para um copo que transbordou em impropérios e agressões verbais a minha pessoa. E, frise-se: ele estava errado, parado em fila dupla, "travando" o meu e outros carros.
Ele começou a dizer, ou melhor, a gritar que havia espaço de sobra para eu tirar meu carro. E passou a me chamar de burra, na maior altura. O cara ficou ensandecido. E olha que eu não estava desacompanhada. Meu irmão, que é um rapaz forte, estava no banco do carona. Mas ficamos tão surpresos com a reação do homem, que ficamos atônitos.
Uma senhora, que estava no carro estacionado ao lado do meu, se indignou, abriu a porta e começou a discutir com o homem: O senhor está errado, o que custa afastar o seu carro para a moça sair?!
Ele, então, passou a agredi-la também. Deu para perceber que, para ele, todas as mulheres são "burras", mesmo quando estão certas.
Comecei a manobrar o carro para tirá-lo da vaga, e quase encostei no Siena caindo aos pedaços dele. Pra quê?! O sujeito começou mais uma bateria de insultos: Passa por cima, sua burra!
Eu, já nervosíssima e com medo de meu irmão perder o controle, "suei" em manobras até conseguir espaço para tirar o carro da vaga. Quando saí, emparelhei: Burro é você, sem educação, motorista de merda, machista, grosso.
O cara me chamou de burra mais uma vez e por fim meu irmão soltou um alto e merecido "vai tomar no c..., seu filho da p...!".
Este sujeito jamais vai ler este texto, mas preciso desabafar mesmo assim.
Primeiro, se tem uma coisa que não sou é burra. Tenho curso superior, pós-graduação, sou fluente em inglês, viajei o mundo, tenho um bom cargo na Esplanada e, em um mês, vou lançar meu segundo livro.
Segundo, eu acredito que este tipo de homem é o que bate em mulher, sem precisar estar bêbado ou drogado para fazer isso. Para ele, somos seres inferiores, destinados ao tanque e ao fogão. E é incrível saber que um sujeito como este pertence à mesma espécie que Gandhi, por exemplo. A humanidade é mesmo heterogênea.
Terceiro, é verdade que agressões verbais podem ser quase tão graves quanto as físicas. Depois de um dia de trabalho e de uma hora (literalmente) na fila do banco, eu – que estava absolutamente dentro da lei, parada no lugar certo –, sou xingada e humilhada publicamente por um troglodita que estava parado em fila dupla.
Eu tenho a placa do carro e poderia levantar a ficha do sujeito. Poderia prestar queixa na Delegacia da Mulher. Mas não vou fazer isso porque sei que de nada adiantaria. Talvez ele tomasse um susto, mas ficaria por aí. Pessoas assim só mudam quando "encontram Jesus". Do contrário, continuam animais raivosos e ignóbeis. Bestas, no sentido estrito.